Colóquio Ancestralidade Africana e Cidadania

Por ocasião da exposição no Rio de Janeiro, o IPEAFRO e a PUC-Rio realizaram em conjunto um colóquio internacional, reunindo intelectuais de vários países do mundo africano. A seguir reproduzimos o Caderno de Resumos desse evento.

* Apresentação
* Trabalhos Apresentados no Colóquio
* Resumos dos Trabalhos
* Poesias

ANCESTRALIDADE AFRICANA E CIDADANIA
O Legado Vivo de Abdias Nascimento

Arquivo Nacional, Rio de Janeiro
25 e 26 de novembro de 2004

APRESENTAÇÃO

A mostra do acervo de Abdias Nascimento enseja a oportunidade de conhecer um patrimônio da cultura brasileira que marca a história do País no que diz respeito à vida artística e à cidadania no Brasil. Sua obra compõe um rico tesouro de referências sobre a ancestralidade africana, o legado de conhecimento e tecnologia desenvolvido na África e a epistemologia simbólica de sua religiosidade. Abrange também a luta dos afrodescendentes escravizados no novo mundo por liberdade, cidadania e direitos humanos.

A alta representatividade desse acervo para o conhecimento e divulgação da história e cultura afro-brasileiras levou o IPEAFRO a pensar o Colóquio como momento de inserir esse conjunto de referências num contexto vivo de discussão e debates. Reunindo conferencistas e pesquisadores do exterior e do Brasil, ter-se-ia a oportunidade de discutir a fundo as implicações históricas, sociais, culturais e epistemológicas do trabalho do TEN e do MAN, assim como da produção intelectual e política de Abdias Nascimento. E a parceria com a PUC-Rio surgiu a partir da criação do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente – NIREMA. Essa parceria veio fortalecer o projeto de preservar e divulgar a documentação do acervo Abdias Nascimento. Assim, a PUC-RIO se engajou na proposta do Colóquio na certeza de que esses trabalhos irão contribuir para enriquecer os recursos de estudo e pesquisa numa área de fundamental importância para a compreensão da história e cultura do Brasil e do mundo. Ademais, ajudarão a multiplicar os subsídios para a implementação da Lei n. 10.639 de janeiro de 2003, que torna obrigatória a inclusão da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar do ensino básico e médio em todo o País. E, talvez mais importante, vêm propiciar o desenvolvimento de uma nova perspectiva sobre a construção da cidadania brasileira capaz de focalizar, com a devida atenção e destaque, o povo afrodescendente como agente de sua própria história.

Elisa Larkin Nascimento, IPEAFRO
Ângela Randolpho Paiva, PUC-RIO
Denise Pini Rosalém da Fonseca, PUC-RIO


TRABALHOS APRESENTADOS NO COLÓQUIO

Dia 25 de novembro

MESA: ABDIAS NASCIMENTO NO MUNDO AFRICANO: PERSPECTIVAS COMPARADAS

A Tradição de Seba na Obra de Abdias Nascimento
Molefi K. Asante
Abdias Nascimento no Mundo Africano: uma Perspectiva Brasileira
Ubiratan Castro Araújo

MESA: ARTES, RELIGIOSIDADE E ANCESTRALIDADE AFRICANA

Globalização, Identidade e Cidadania: uma Perspectiva Africana
Olabiyi Yai.

Imagem de Nagô é Pedra
Monique Augras

Arte negro-africana e Ancestralidade
Kabengele Munanga


Dia 26 de Novembro

MESA: DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS DE IGUALDADE RACIAL: PERSPECTIVA COMPARADA

Abdias Nascimento como Metáfora: A Intersecção entre Atividades Nacionais e Transnacionais e suas Conseqüências
Anani Dzidzienyo

Políticas de Cotas no Brasil: Evolução e Contexto
Antônio Sergio Guimarães

Uma Visão Panorâmica do Pensamento sobre as Ações Afirmativas fora do Brasil
J. Michael Turner


MESA: POLÍTICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA NO ENSINO SUPERIOR

Ação Afirmativa no Brasil: uma Observação Inicial
Miriam Leitão

Primeiros frutos do Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial na UnB
Timothy Mulholland

Ação Afirmativa, uma experiência positiva na UNEB
Ivete Alves do Sacramento

Políticas de Ação Afirmativa: a Experiência da PUC-RIO
Vera Candau

Ação Afirmativa na Perspectiva Internacional: Atuação Atual de Abdias Nascimento
Humberto Adami


SARAU LITERÁRIO: ENCONTRO DA POESIA DE ABDIAS NASCIMENTO COM A GERAÇÃO QUILOMBHOJE

Padê de Exu Libertador
Abdias Nascimento

Vozes-Mulheres
Conceição Evaristo

A Chave da Cor Brasileira
Éle Semog

O Agadá da Transformação
Abdias Nascimento

RESUMOS DOS TRABALHOS

ABDIAS NASCIMENTO COMO METÁFORA: A INTERSECÇÃO ENTRE ATIVIDADES NACIONAIS E TRANSNACIONAIS E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
Anani Dzidzienyo

Pode-se caracterizar Abdias Nascimento como o brasileiro com a mais ativa participação na esfera política do mundo africano, no Brasil e no exterior. A natureza dessa participação ao longo de várias décadas permite iluminar os contornos de certas contradições entre as iniciativas transnacionais de indivíduos e as políticas oficiais e institucionais e suas conseqüências, intencionais ou não. Trazer à luz e reconsiderar algumas das polêmicas em que Abdias tem participado significa criar um espelho para o discurso continuado sobre novos programas de avaliação e intervenção sobre o papel dos afrodescendentes dentro do Brasil e na diáspora africana.

Professor de Estudos do Mundo Africano e professor de Estudos Luso-Brasileiros na Universidade Brown, EUA, Anani Dzidzienyo tem um amplo currículo de pesquisa e publicações focalizando os temas Afro-Brasileiros e Afro-Latino-Americanos, bem como as relações do Brasil e da América Latina com a África continental. Autor do livro The Position of Blacks in Brazilian Society (A Posição do Negro na Sociedade Brasileira), é co-organizador da obra Neither Enemies Nor Friends: Latinos, Blacks and Afro-Latinos (Nem Inimigos Nem Amigos: Latinos, Negros e Afro-Latinos), o Professor Dzidzienyo vem realizando estudos contínuos sobre a figura de Abdias Nascimento como símbolo e metáfora no pluriverso africano.


A TRADIÇÃO DE SEBA NA OBRA DE ABDIAS NASCIMENTO.
Molefi Kete Asante

O termo antigo egípcio “seba”, encontrado pela primeira vez esculpido no túmulo de Antef I, de 2052 a. C., tinha como significado essencial no contexto dos Medu Neter “o estilo de raciocínio das massas”. Em muitos casos, o trabalho dos intelectuais funciona burocraticamente para “encerrar” o negro numa casula conceitual. Os afrocentristas têm desafiado as posições dominantes ao levantar questões sobre o verdadeiro significado da razão num mundo da não razão. Como pode uma pessoa de descendência africana se libertar das estruturas racistas? A posição dos afrocentristas é de que isto é possível, aliás essencial, mas somente pode acontecer se buscarmos as respostas em categorias anti-hegemônicas de tempo e espaço que colocam a África ao centro da análise das questões africanas e que mostram os africanos como participantes ativos da história humana. Abdias Nascimento está na vanguarda desse novo e poderoso pensamento no mundo.

A afrocentricidade se apresenta como corretivo e como critica. Quando um povo que sofreu coletivamente a experiência do deslocamento se localiza de novo num lugar centrado, isto é, com agência e responsabilidade, temos um corretivo. Ao re-centralizar a pessoa como agente, analisamos a hegemonia da dominação européia no pensamento e no comportamento, e aí a afrocentricidade se torna uma crítica. De um lado, procuramos corrigir o sentido de lugar da pessoa negra e de outro tecemos a crítica do processo e extensão do deslocamento criado pela dominação cultural, econômica, e política pela Europa. Permitir a definição do negro como um povo marginal ou periférico nos processos históricos do mundo é abandonar toda a esperança de reverter a degradação dos oprimidos.
Seba, o estilo de raciocínio das massas, cria uma referência positiva para os afrodescendentes. Este é o cerne do significado da vida e obra de Abdias Nascimento.


Molefi Kete Asante é doutor em comunicação pela Universidade de Califórnia em Los Angeles (UCLA) e fundador da teoria da afrocentricidade. São obras de referência seus livros Afrocentricity (1980), The Afrocentric Idea (1987), e Kemet, Afrocentricity and Knowledge (1998). É diretor fundador da revista Journal of Black Studies. Foi Professor Titular da Universidade do Estado de Nova Iorque em Buffalo. Na Universidade Temple, criou o primeiro programa de doutorado em Estudos Afro-Americanos. Em 1995, foi feito rei tradicional, Nana Okru Asante Peasah, Kyidomhene of Tafo, em Gana. Entre os seus 60 livros estão Cheikh Anta Diop: In the Light of Africa (2004), a Encyclopedia of Black Studies, co-organizado com Ama Mazama (2004); Erasing Racism (2003), Egypt vs. Greece in the American Academy (2002) Ancient Egyptian Philosophers (2000); The Painful Demise of Eurocentrism (2000); and The African American Atlas (1999).

GLOBALIZAÇÃO, IDENTIDADE E CIDADANIA: UMA PERSPECTIVA AFRICANA.
Olabiyi Yai

Meu trabalho toma como ponto de partida e se inspira nas afirmações proféticas de W. E. B. Du Bois sobre as relações raciais no século vinte e seu conceito seminal de “dupla consciência”.
Contra esse pano de fundo, examina-se a situação dos africanos de suas culturas no início do século 21, com exemplos ilustrativos oriundos do continente africano e da diáspora. A conclusão inevitável é de um "constat d'échec" e da necessidade dos povos africanos de re-visitar as suas filosofias e tradições intelectuais, inventar a partir deles conceitos novos, e propor novos modelos de “identidade” e “cidadania”.
Invoca-se os conceitos iorubá de oruko e oriki orule e apresenta-se o etos e as práticas sociais e religiosas por eles refletidos.
Sugere-se, em conclusão, que há necessidade de um exercício africano coletivo de teorização, para afiar e atualizar essas e outras armas conceituais semelhantes, e montar uma crítica africana das perspectivas eurocentristas, passadas e atuais, de cidadania e identidade.
Existe uma necessidade urgente do prolegómeno africano para uma globalização reconstruída.

Olabiyi Yai completou sua educação tradicional africana com os anciãos em Ilé-Sabé, capital do reino iorubá de Sabé. Tem também uma educação ocidental na Sorbonne. Catedrático de Língua e Literaturas Iorubá nas universidades de Ibadan e Ifè, Nigéria, foi também Catedrático de Estudos Iorubá e Diretor do Departamento de Línguas y Literaturas da África e Ásia na Universidade de Flórida, Gainesville. Foi docente e pesquisador visitante nas universidades de Bahia, Birmingham (Inglaterra) e Kokugakuin (Tokyo). Tem várias publicações nas áreas de Lingüística, oralidade, filosofia, religiões e diáspora africanas. Atualmente é embaixador de Benin junto à UNESCO.


IMAGEM DE NAGÔ É PEDRA
Monique Augras

A partir do Projeto CNPq O paradoxo das imagens, são confrontadas duas modalidades de relação entre imagem e produção do sagrado: na tradição cristã, o dogma da Encarnação possibilita que figuras humanas sejam utilizadas para representar entes divinos, com maior [catolicismo romano] ou menor [catolicismo ortodoxo] grau de realismo; na tradição ioruba, o sagrado é irrepresentável, e as estátuas que conhecemos são de sacerdotes, pessoas “tomadas” pela força dos deuses. No Brasil, os mais antigos terreiros de candomblé, ainda que inseridos na iconosfera ocidental, com forte influência da imaginária barroca, mantêm a impossibilidade de uma representação figurada dos entes divinos, cuja presença, ritualmente “assentada” em pedra, é manifestada no movimento dos corpos dos sacerdotes, na ocasião do xirê. É a vida que expressa o sagrado.


Monique Augras é Professora Titular da PUC-Rio. Nascida na França, está radicada no Brasil desde 1961. Há mais de vinte anos, desenvolve pesquisas na área das religiões brasileiras de origem africana, e do catolicismo popular, tendo publicado, entre muitos textos, O duplo e a metamorfose [1983], O Brasil do samba-enredo [1998], “O Terreiro na Academia” [2000], e Todos os santos são bem vindos [no prelo].


ARTE NEGRO-AFRICANA E ANCESTRALIDADE
Kabengele Munanga

Uma arte não se constrói no vazio, pois mergulha sempre suas raízes na vida profunda das sociedades. Ou seja, através de sua arte, uma sociedade projeta a concepção global de sua existência por um conjunto de símbolos que expressam a vida dessa sociedade em todas suas dimensões: estética; estrutura social, econômica, política, religiosa, etc.
Quando se observa a arte negro-africana, embora nela estejam presentes todas as dimensões, percebe-se que a dimensão religiosa ocupa um espaço de destaque pelo fato do fenômeno religioso permear as outras dimensões da vida como a política, a economia, a organização social, etc. até a lúdica. O que levou a maioria dos estudiosos ocidentais a reduzir a compreensão da arte africana somente ao estudo do mecanismo religioso. Uma visão sem dúvida reducionista e caricatural da arte negro-africana cuja complexidade vai além do religioso.
Nessa grande complexidade com múltiplos significados e funções, a estátua e a máscara africana constituem dois gêneros artísticos quase inteiramente destinados a cumprir funções cultuais e rituais relacionadas com a ancestralidade. A ancestralidade é a origem da vida, a fonte da força vital ou do Axé cuja redistribuição garante a sobrevivência e a reprodução da sociedade.
A análise das características estilísticas dos objetos relacionados com a ancestralidade revela o conteúdo conceitual escondido nas cores, formas e linhas da arte africana cujo contato com a arte ocidental engendrou o cubismo.
A obra artística de Abdias Nascimento se enquadra perfeitamente na tradição dessa arte africana, revivendo de forma único e às vezes surpreendente o inter-relacionamento da ancestralidade e da religiosidade com a dimensão política, econômica e social da vida no mundo africano.

Kabengele Munanga é doutor e Professor Titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo – USP, onde foi diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia de 1983 a 1989. Atualmente é Vice-Diretor do Museu de Arte Contemporâneo e do Centro de Estudos Africanos da USP. É autor de cerca de 100 publicações, entre as quais dez livros.

POLÍTICAS DE COTAS NO BRASIL: EVOLUÇÃO E CONTEXTO
Antônio Sergio Guimarães
O autor explica as demandas por cotas para negros nas universidades públicas brasileiras pela conjunção de três fatores: a estagnação relativa da oferta de vagas nas universidades públicas, a expansão – mesmo que insuficiente - do ensino de segundo grau no país, e o relativo amortecimento dos conflitos de classe, que, no passado, davam vazão a demandas semelhantes por mobilidade social por meio de uma linguagem e de um código de “classe”. O autor argumenta que os mecanismos de “luta de classe” se esgotaram rapidamente no Brasil, a partir dos 1990, ao tempo em que a ascensão social dos negros, baseada na educação formal, foi barrada, tanto pela estagnação das vagas públicas, quanto pela estagnação econômica e o conseqüente aumento do desemprego. As ações afirmativas, inclusive as cotas, apesar de romperem com o ideal de ‘embranquecimento’, são, na visão do autor, demandas legitimadas pelo ideal de igualdade racial, que tentam acomodar-se a uma situação que se torna mais explosiva a cada governo.

Antônio Sérgio Alfredo Guimarães é Professor Titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo. Mestre em Ciências Sociais pela UFBa; Ph.D. em Sociologia, pela Universidade de Wisconsin, Madison; Livre Docente em Sociologia Política pela Universidade de São Paulo. Seus principais livros: Imagens e identidades do trabalho, 1995; Um sonho de classe, 1998; Preconceito e discriminação, 1998; Racismo e anti-racismo no Brasil, 1999; Classes, raças e democracia, 2002.


VISÃO GERAL DO PENSAMENTO SOBRE AÇÃO AFIRMATIVA FOR A DO BRASIL
J. Michael Turner

Meu trabalho vai apresentar uma visão panorâmica do pensamento sobre programas de ação afirmativa em países for a do Brasil, do ponto de vista da Iniciativa Global Afro-Latina e Caribenha (GALCI). Focalizará os programas de ação afirmativa no Peru, Colômbia, Argentina e Uruguai. Também dará ênfase ao trabalho histórico de GALCI, em colaboração com a Aliança Negra e ODECO, para fornecer capacitação em auto-estima e treinamento educacional específica para líderes de desenvolvimento comunitário organizados por Mundo Afro em Montevidéu. Esse trabalho se estende a líderes comunitários afrodescendentes do Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Equador, Nicarágua, Costa Rica e a República Dominicana. Mais especificamente, focalizaremos dois ou três estudos de caso como exemplos, com ênfase em Colômbia, Peru, e o trabalho de coordenação regional de Mundo Afro no Uruguai, sob a liderança de Romero Rodriguez.


J. Michael Turner é mestre e doutor em história africana e história latino-americana pelas Universidades de Boston e Harvard, diretor do Programa de Estudos da América Latina e do Caribe na Faculdade Hunter da Universidade do Município de Nova Iorque (CUNY), e co-fundador da Iniciativa Global Afro-Latina e Caribenha (GALCI). Foi o responsável pela implantação do programa de assuntos afro-brasileiros da Fundação Ford (1979-1985), e serviu como gerente de empréstimos para Togo no Banco Mundial (1986-7). Na qualidade de Consultor para Governança e Democracia da Agência Internacional do Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID) em Moçambique, gerenciou o programa de apoio financeiro para o processo eleitoral multipartidário. Membro eleito do Conselho das Relações Externas dos EUA, suas obras vêm analisando o papel dos afro-latinos na comunidade internacional e sociedade civil e boa governança em Moçambique.


AÇÃO AFIRMATIVA NO BRASIL: UMA OBSERVAÇÃO INICIAL
Miriam Leitão

As propostas de ações afirmativas no Brasil, principalmente as cotas para estudantes universitários, provocaram reações fortíssimas através de artigos em jornais, cartas enviadas para as redações, críticas com maior ou menor grau de conhecimento do problema. Desse limão, os negros – e os brancos que apóiam as medidas ativas de inclusão – têm feito uma limonada: o Brasil discute, pela primeira vez, a questão racial. O grande inimigo tem sido o silêncio. Esse início de conversa é animador.
Alguns argumentos irritam, algumas posições ofendem, é verdade, mas pela primeira vez o país olha para as estatísticas das distâncias raciais, que antes eram analisadas por uns poucos estudiosos. Pela primeira vez verifica-se que outros países adotaram e adotam políticas de ação afirmativa. Pela primeira vez o país reconhece a existência do problema.
Se não servirem para nada mais, as cotas terão servido para iniciar o debate. Eu, particularmente, me convenci que as cotas são um bom caminho. Sozinhas, elas não farão a mudança. É uma das armas. É preciso todo o resto: melhora do ensino público, políticas de manutenção do jovem negro nas universidades, abertura de chances no mercado de trabalho, remoção das barreiras que têm impedido a ascensão do brasileiro negro na escala profissional. Será uma longa caminhada, mas já começamos a caminhar.

Miriam Leitão é jornalista, formada pela Universidade de Brasília. Natural de Minas Gerais, presa no Espírito Santo em 1972 por envolvimento no movimento de resistência à ditadura. É colunista de economia do jornal O Globo, comentarista da TV Globo e da Rádio CBN. Uma das editoras do Caderno “A Cor do Brasil” que ganhou, em 2003, o prêmio jornalismo para tolerância da Federação Internacional de Jornalistas.

PRIMEIROS FRUTOS DO PLANO DE METAS PARA A INTEGRAÇÃO SOCIAL, ÉTNICA E RACIAL NA UNB
Timothy Martin Mulholland

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade de Brasília aprovou, em junho de 2003, o Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial na UnB, como uma medida de inclusão social no contexto das Políticas de Ação Afirmativa. No que diz respeito ao acesso, o Plano de Metas prevê, por um período de 10 anos reserva de 20% de vagas nos processos seletivos de graduação na UnB para estudantes negros e ingresso de estudantes indígenas, via seleção diferenciada, em número de vagas previsto em convênio com a FUNAI. Apresenta os primeiros resultados do Sistema de Cotas para Negros na Universidade de Brasília, assim como o perfil dos candidatos aprovados. Os resultados demonstram que o Sistema de Cotas adotado pela UnB é socialmente inclusivo, pois, além de matricular estudantes negros na Universidade, traz mais alunos de escolas públicas e de menor faixa de renda quando comparados aos aprovados pelo vestibular universal.

Timothy Martin Mulholland é Doutor em Psicologia pela Universidade de Pittsburgh (EUA, 1976) e professor da Universidade de Brasília desde então. Vice-Reitor da Universidade de Brasília desde 1997.


POLÍTICA DE COTAS, UMA EXPERIÊNCIA POSITIVA NA UNEB
Ivete Alves do Sacramento

A Universidade do Estado da Bahia – UNEB tem um projeto pedagógico voltado para a formação profissional e o desenvolvimento regional. Seguindo uma perspectiva de educação includente, adotou em julho de 2002, a cota mínima de 40% (quarenta por cento) para estudantes afrodescendentes oriundos de escolas públicas no preenchimento de vagas relativas aos cursos de graduação e de pós-graduação. Os estudantes cotistas são submetidos ao mesmo sistema de avaliação e de provas, com apenas linhas de corte diferenciadas de acordo com o número de candidatos para cada opção. Mesmo assim, a UNEB enfrentou questões jurídicas e de opinião pública sobre o mérito intelectual, o conceito de afrodescendente e a ordem de classificação no processo seletivo, por meio da difusão de hipóteses como: 1) Os afrodescendentes originários de escolas públicas teriam condições de acompanhar a qualidade dos cursos, sem necessidade de reforço?; 2) Que tipo de discriminação poderia existir entre os alunos cotistas e não-cotistas?; 3) A condição sócio-econômica dos alunos afrodescendentes proporcionou uma maior evasão?; 4) A discriminação racial na Universidade sofreria aumento por causa das cotas? Amparada legalmente pela autonomia universitária, a Uneb, acreditando na sua perspectiva de um trabalho social e na relevância da medida, defendeu seu sistema de cotas e promoveu medidas de acompanhamento acadêmico. Este acompanhamento permitiu comprovar, em razão de uma pesquisa preliminar, a equivalência de desempenho e freqüência dos estudantes cotistas que concluíram o 1º semestre de 2003 em relação aos não cotistas. Isso permitiu avaliar e quase concluir a eficácia da medida adotada pela Uneb.

Mestre em Educação pela Université Du Québec à Montreal e licenciada em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, a professora Ivete Alves do Sacramento tem uma história de lutas e atividades voltadas à promoção dos Direitos Humanos na Bahia, inclusive como primeira secretária do Movimento Negro Unificado da Bahia. Primeira mulher negra reitora de uma Universidade brasileira, vem desenvolvendo ações audaciosas como a Rede UNEB 2000 de formação universitária para professores, atendimento aos idosos através da Universidade Aberta à Terceira Idade – UATI, acesso ao treinamento profissional de diversas comunidades, e a prática do esporte e capacitação técnica a adolescentes em situação de risco e portadores de deficiência. Possibilitou por meio de convênio o uso de instalações da Universidade para o funcionamento do curso pré-vestibular para afrodescendentes criado pela Sociedade Cultural e Beneficente Steve Biko. Serviu como integrante da Comissão de Revisão da Política Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça do Governo Federal, do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado da Bahia, do Conselho da Associação Cultural OLODUM, e do Conselho da Sociedade Cultural e Carnavalesca “Filhas de Ghandi”.


POLÍTICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA: A EXPERIÊNCIA DA PUC-RIO
Vera Candau

O trabalho se situa no contexto dos estudos que vimos desenvolvendo desde
1996 através do Grupo de Estudos sobre Cotidiano, Educação e Cultura(s),
vinculado ao Departamento de Educação da PUC-Rio. No período de 2000 a
2003 realizamos a pesquisa intitulada Universidade, Diversidade Cultural
e Formação de Professores, que contou com o apoio do CNPq e a FAPERJ, e
teve como um dos seus principais objetivos analisar as representações de
alunos/as e professores/as sobre a presença de alunos/as oriundos dos
pré-vestibulares comunitários, um programa de política afirmativa que a
universidade vem implantando desde 1994.


Vera Maria Ferrão Candau, licenciada em Pedagogia pela PUC-RIO, doutora com Pós-doutorado em Educação pela Universidade Complutense de Madri (Espanha), e professora titular do Departamento de Educação da PUC-RIO. Consultora da CAPES e da FAPERJ, é membro da Comissão Nacional de Educação em Direitos Humanos. Assessora a Novamerica, ONG com sede no Rio de Janeiro, assim como diversos programas sócio-educativos em diferentes países latino-americanos. Entre suas obras estão: Educar em Direitos Humanos- Construir Democracia (2000), Reinventar a Escola (2002), Sociedade, Educação e Cultura(s) (2002), Discriminación, Sociedad y Escuela en America Latina (2002), Somos Todos Iguais? Escola, Discriminação e Educação em Diretos Humanos (2003) e Multiculturalismo e Educação (2004).


AÇÃO AFIRMATIVA NA PERSPECTIVA INTERNACIONAL: ATUAÇÃO ATUAL DE ABDIAS NASCIMENTO
Humberto Adami

A atuação de Abdias Nascimento em prol da ação afirmativa, na atualidade de meados dessa primeira década do século 21, se conduz como sempre esteve ao longo dos últimos 90 anos: de forma reta, direta, sem titubeações, denunciando o racismo na sociedade brasileira.
Na mesma linha, sua contribuição em vários setores é decisiva para que as populações negras de todo o mundo encontrem entendimento do conceito de quilombismo e da diáspora africana.
No momento, vem se juntando a várias entidades do movimento negro brasileiro na atuação jurídica em defesa de clandestinos africanos presos em prisões brasileiras. Tem participado na qualidade de amicus curiae – amigo da corte – em ações jurídicas junto ao Supremo Tribunal Federal, durante a saga da implementação de ações afirmativas da universidade brasileira. Sua obra inesgotável, que se redescobre a cada dia, levou entidades do movimento negro e autoridades do Governo brasileiro a efetuar a indicação de seu nome para o Prêmio Nobel da Paz.

Humberto Adami Santos Júnior é graduado em Direito pela UnB e Mestre em Direito da Cidade e Urbanismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É diretor da Associação dos Advogados do Banco do Brasil, da Associação Brasileira dos Advogados Ambientalistas, da Federação Nacional dos Advogados, e do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro. É Conselheiro do Instituto Superior da Faculdade Zumbi do Palmares, Membro do Instituto Brasileiro dos Advogados. Presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental – IARA, atua junto ao Grupo Internacional de Afinidade às Ações Afirmativas. Faz advocacia no Rio de Janeiro.

PADÊ DE EXU LIBERTADOR
Abdias Nascimento

Ó Exu
ao bruxoleio das velas
vejo-te comer a própria mãe
vertendo o sangue negro
que a teu sangue branco
enegrece
ao sangue vermelho
aquece
nas veias humanas
no corrimento menstrual
à encruzilhada dos
teus três sangues
deposito este ebó
preparado para ti
(...)

Ó Exu-Yangui
príncipe do universo e
último a nascer
receba estas aves e
os bichos de patas que
trouxe para satisfazer
tua voracidade ritual
fume destes charutos
vindos da africana Bahia
esta flauta de Pixinguinha
é para que possas chorar
chorinhos aos nossos ancestrais
espero que estas oferendas
agradem teu coração e
alegrem teu paladar
um coração alegre é
um estômago satisfeito e
no contentamento de ambos
está a melhor predisposição
para o cumprimento das
leis da retribuição
asseguradoras da
harmonia cósmica

Invocando estas leis
imploro-te Exu
plantares na minha boca
o teu axé verbal
restituindo-me a língua
que era minha
e ma roubaram
sopre Exu teu hálito
no fundo da minha garganta
lá onde brota o
botão da voz para
que o botão desabroche
se abrindo na flor do
meu falar antigo
por tua força devolvido
monta-me no axé das palavras
prenhas do teu fundamento dinâmico
e cavalgarei o infinito
sobrenatural do orum
percorrerei as distâncias
do nosso aiyê feito de
terra incerta e perigosa
(...)

Fecha o meu corpo aos perigos
transporta-me nas asas da
tua mobilidade expansiva
cresça-me à tua linhagem
de ironia preventiva
à minha indomável paixão
amadureça-me à tua
desabusada linguagem
escandalizemos os puritanos
desmascaremos os hipócritas
filhos da puta
assim à catarse das
impurezas culturais
exorcizaremos a domesticação
do gesto e outras
impostas a nosso povo negro

Teu punho sou
Exu-Pelintra
quando desdenhando a polícia
defendes os indefesos
vítimas dos crimes do
esquadrão da morte
punhal traiçoeiro da
mão branca
somos assassinados
porque nos julgam órfãos
desrespeitam nossa humanidade
ignorando que somos
os homens negros
as mulheres negras
orgulhosos filhos e filhas do
Senhor do Orum
Olorum
Pai nosso e teu
Exu
de quem és o fruto alado
da comunicação e da mensagem


Exu
tu que és o senhor dos
caminhos da libertação do teu povo
sabes daqueles que empunharam
teus ferros em brasa
contra a injustiça e a opressão
Zumbi Luiza Mahin Luiz Gama
Cosme Isidoro João Cândido
sabes que em cada coração de negro
há um quilombo pulsando
em cada barraco
outro palmares crepita
os fogos de Xangô iluminando nossa luta
atual e passada

Ofereço-te Exu
o ebó das minhas palavras
neste padê que te consagra
não eu
porém os meus e teus
irmãos e irmãs em
Olorum
nosso Pai
que está
no Orum

Laroiê!

Búfalo, EUA, 2 de fevereiro de 1981.



VOZES-MULHERES
Conceição Evaristo

A voz de minha bisavó ecoou
criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
De uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.

A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.

A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.


A CHAVE DA COR BRASILEIRA
Éle Semog

Todos os dias, a vida inteira,
uma razão interior, harmoniosa,
que herdei de gente da minha gente,
e veio por séculos a fio da meada,
me conduz e anuncia,
sem ser oráculo ou magia,
que sou vida porque sou negro,
que sou pleno porque sou negro,
que sou feliz porque sou negro.
Em toda a minha volta,
na versão dos outros,
na exclusão, no sofrimento,
no preconceito esplendido
nada de mim pode Ser
além do branco, o possível.
E todos os dias me espreitando,
esperando chegar alguma dor,
ou ruptura no fio da meada,
uma outra razão turva e pesada,
insinuosa e despudorada
oferece uma das chaves
que abre o mundo dos branco...
É para eu entrar, mas sozinho
e lá poderei ser pitoresco e faceiro,
desde que deixe os meus no caminho
e tranque para sempre o negro
que sou também fora de mim.



O AGADÁ DA TRANSFORMAÇÃO
Abdias Nascimento

Em meu peito vazio de despeito
Oxum fincou o seu ixé
sou o peixe mergulhado
no canto do pássaro odidê
pousado na folha da vida
trinando a ternura
que aconchega a criança

Ó peixe dourado que vais nadando
os dias e as noites da minha sorte
emblema de Oxum me levando
águas de Oxalá me lavando
no banho lustral da minha morte

Existo em minha natureza Ori
levedado pelos Orixás
embora o costado dos ancestrais
clame
a costa dos escravos
proclame
o cravo cravado no lombo
me tombando no tombo
da contra-costa rebelada do meu axé
inflamando na chaga do congo
a chama incendiária do quilombo

basta ouvir o som grave do rum
o repicar do rumpi
o picar agudo do lé
e as irmãs negras portadoras do sofrimento
os homens moldados nos crepes ancestrais
em uníssono clamor
de convulsivo furor
desde a degradação e o opróbrio
desfraldam a bandeira
úmida do sangue negro derramado
no combate vermelho sempre continuado
pela integridade verde da herança nativa poluída

Somos a semente noturna do ritmo
a consciência amarga da dor
florescida aos toques anunciadores
da perenidade das coisas vivas
(...)

Ouçamos o pipocar do couro retesado
(ó agadá da transformação)
rompendo a couraça do insensível mundo
branco
na sola dos pés sangrentos
temos dançando
o madrigal da escravidão
o minueto do tráfico
o fado do racismo
agora na pele flamejante dos tambores
dancem eles o nosso baticum de guerra
até despontar aquela aurora
de dançar o afoxé da nossa batalha final vitoriosa
(...)

Tempo de viver
(ensina Ajacá)
é tempo de morrer
uns já estão mortos
vivendo
nós estaremos vivos
morrendo

Morrer enquanto cintila no meu peito
o ixé áureo de Oxum
enquanto caminho a ancestralidade da minha
terra
nas pegadas temerárias de Ogum
ao fio do agadá
transformo a queixa muda das irmãs negras
neste canto marcial de esperança
de cada soluço teu
irmão
faço uma bala de fuzil
impeço que a bondade amoleça tua revolta
e tua dança perca o embalo da trincheira
tornando tua coreografia
grávida de símbolos
em vil moeda de espetáculo mercantil

Vem do fundo escuro do tambor
esse aflito olhar magoado
(não vencido apenas derrotado)
das irmãs e irmãos em África
fixo olhar pungente
absorvendo a beleza vital do meu corpo
incrustação do ixé
projeção amorosa de Oxum
em minha origem plantado
por desígnio paterno de Olorum
o olhar a devolvendo
à intensidade e pungência
da antiga luta comum
processada à regência
do agadá transformador
e do nosso cálido
recíproco
e solidário amor

Ogunhiê!

Salvador, 14 de janeiro de 1982
(Dia da lavagem do Senhor do Bonfim).



Os poetas

Conceição Evaristo, escritora, poetisa e ensaísta é natural de Minas Gerais, reside no Rio de Janeiro desde os anos 70. Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e doutoranda em Literatura Comparada pela UFF. Professora da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, desenvolvendo suas atividades na SME e na SMC. Estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros do Grupo Quilombhoje de São Paulo que congrega escritoras e escritores afrodescendentes. A partir de então, seus textos vêm obtendo cada vez mais leitores, no Brasil e no estrangeiro, tendo trabalhos publicados na Alemanha, nos Estados Unidos e em Moçambique.

Éle Semog nasceu no Rio de Janeiro, é poeta e contista. Fundou o Jornal Maioria Falante e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, na década de 1980. Fundou os grupos "Bate Boca de Poesia" e "Negrícia Poesia e Arte de Crioulo", além de ter publicado regularmente na série Cadernos Negros. Dentre seus livros destacam-se O Arco Íris Negro e Atabaques (em parceria com José Carlos Limeira), A Cor da Demanda e Curetagem, todos de poesia. Foi assessor do senador Abdias Nascimento e trabalha na área de direitos humanos. Atualmente é Conselheiro Executivo do Instituto Palmares de Direitos Humanos.

COORDENADORAS DO COLÓQUIO


Elisa Larkin Nascimento é doutora em psicologia pela USP e mestre em direito e em ciências sociais pela Universidade do Estado de Nova Iorque. Co-fundadora e diretor a do IPEAFRO – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, idealizou e organizou o curso “Sankofa: Conscientização da Cultura Afro-Brasileira” na PUC-SP e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente é curadora do projeto Tradição, Identidade e Resistência, organizando o acervo de Abdias Nascimento para exposição e posterior consulta bibliotecária. Entre suas obras publicadas estão Pan-africanismo na América do Sul (1981), A África na escola brasileira (1991), Sankofa: Resgate da cultura afro-brasileira, 2 vols. (1994), Sankofa: Matrizes africanas da cultura brasileira (1996) e O sortilégio da cor: Identidade, raça e gênero no Brasil (2003).

Ângela Randolpho Paiva é doutora em Sociologia pelo IUPERJ. Professora e pesquisadora do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, é também coordenadora geral do NIREMA - Núcleo interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente. Além de artigos sobre a questão racial, desigualdade social e cidadania, publicou Católico, protestante, cidadão, em 2003, e organizou Ação afirmativa na universidade: reflexão sobre experiências concretas Brasil - Estados Unidos, em 2004.

Denise Pini Rosalém da Fonseca é Arquiteta pela UFRJ, com Mestrado em Latin American Studies pela University of Houston e Doutorado em História pela USP; Professora Assistente do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio; publicou Secretos de Alacena, em co-edição com Patrícia Von Buchwald (Quito, 1998); De la Cocina de... Manabí (Quito, 1999); Esencia Cuencana (Quito, 1999); Cooperação e Confronto. Resistência Social na Periferia dos Engenhos de Açúcar. Bahia, 1791-1835 (Rio de Janeiro, 2002) e Notícias de outros mundos. Lendas, imagens e outros segredos das deusas nagô, em co-autoria com Tereza Marques de Oliveira Lima (2002); organizou Sobre as águas (no prelo) e Meio Ambiente, Cultura e Desenvolvimento (2002)em parceria com Josafá Carlos de Siqueira, S.J.; Resistência e Inclusão (2003). Escreveu o romance epistolar histórico Zoila & Josephina: uma Correspondência Histórica, que se encontra inédito.

FICHA TÉCNICA

Idealização
IPEAFRO

Organização
IPEAFRO – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros
NIREMA – Núcleo de Reflexão e Memória Afrodescendente, PUC-RIO

Realização
IPEAFRO
PUC-RIO
Consulado Geral dos EUA, Rio de Janeiro

Coordenação
Elisa Larkin Nascimento
Ângela Randolpho Paiva
Denise Pini Rosalém da Fonseca

Assistente de Coordenação
Ana Helena Passos

Editoração e tradução dos textos
Elisa Larkin Nascimento


Produção
Personas Produções


Coordenação de Produção
Afonnso Drumond


Apoio
Fundação Ford
UNESCO
Fundação Cultural Palmares
SEPPIR
Biblioteca do Congresso dos EUA
Biblioteca do Centro de Pesquisa
Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro

Patrocínio
Petrobras

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