Em
1968, Abdias viaja aos Estados Unidos com apoio da Fundação
Fairfield, para encontrar-se com lideranças do movimento
social afro-norteamericano. No roteiro dessa viagem, visita a
Spirit House, do poeta Amiri Baraka (LeRoi Jones) em Newark. Viaja
também a Oakland, Califórnia, onde é recebido
por Bobby Seale na sede dos Panteras Negras. Visita várias
instituições no Harlem, em Nova Iorque, inclusive
o Negro Theater Ensemble.
No dia da promulgação do AI-5, Abdias encontra-se
em Nova Iorque e lá fica, inaugurando um novo período
de sua vida e atividade cultural e política.
Durante o período de exílio nos Estados Unidos,
leciona na Escola de Artes Dramáticas da Universidade Yale;
participa, na qualidade de Visiting Fellow, do seminário
A Humanidade em Revolta na Universidade Wesleyan, em Middletown,
CN. Funda a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo, Centro
de Estudos Porto-riquenhos, Universidade do Estado de Nova Iorque,
Búfalo, onde leciona até 1981.
Participa em vários eventos internacionais do mundo africano,
como o 6º Congresso Pan-Africano (Dar-es-Salaam, 1974) e o Encontro
por Alternativas para o Mundo Africano, reunião de fundação
da União de Escritores Africanos (Dakar, 1976). Leciona
como professor visitante no Departamento de Línguas e Literaturas
Africanas da Universidade de Ifé, na cidade sagrada de
Ilé-Ifé, Nigéria. Participa do 2º Festival
Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas (Festac '77), em
Lagos, e do 1º e 2º Congressos de Cultura Negra das Américas
(Cali, Colômbia, 1977 e Panamá, 1980) e é
eleito Coordenador Geral do Terceiro Congresso de Cultura Negra
das Américas.
Volta ao Brasil com a decretação da anistia, e na
qualidade de deputado federal, senador e secretário de
estado, continua sua atividade a nível internacional. Apresenta
propostas de rompimento de relações com o regime
racista sul-africano e de apoio à libertação
da Namíbia.
Organiza o 3º Congresso de Cultura Negra das Américas,
realizado pelo IPEAFRO em São Paulo em 1982. Organiza e
participa de vários seminários internacionais, com
patrocínio da ONU, em apoio à independência
da Namíbia.
A convite do Governo de Gana, profere em 1988 a palestra inaugural
de uma série anual em homenagem ao sociólogo pan-africanista
W. E. B. Du Bois, organizada pelo Centro W. E. B. Du Bois de Cultura
Pan-Africana em Accra. Em 1989, cumpre missão em Angola
como consultor da UNESCO.
Em 1994 participa, representando o Estado do Rio de Janeiro, no
primeiro encontro do Congresso Nacional Africano da África
do Sul realizado em Durban após a libertação
de Nelson Mandela. Pouco antes das eleições, em
outubro de 1994, participa da delegação do PDT à
primeira reunião da Internacional Socialista realizada
em terras africanas, em Johannesburgo, África do Sul.
Em 1995, a convite do novo Governo da República da Namíbia,
comparece às celebrações da independência
daquele país em Windhoek.
É escolhido patrono do Congresso Continental dos Povos
Negros das Américas, realizado no Parlamento Latinoamericano
em São Paulo, em comemoração ao Tricentenário
da Imortalidade de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1995.
Em 2001, é agraciado pelo Centro Schomburg de Pesquisa
da Cultura Negra, centro de referência mundial que integra
o sistema de bibliotecas públicas do município de
Nova Iorque, com o Prêmio Herança Africana Mundial
comemorativo dos 75 anos da fundação daquela instituição.
De 1996 a 2001, participa do projeto Além do Racismo: Iniciativa
Comparativa de Relações Humanas Brasil, África
do Sul e Estados Unidos, organizada pela Fundação
Sulista de Educação, de Atlanta, GA, EUA (www.beyondracism.org).
Contribui com textos e depoimentos, e participa de reunião
internacional realizada em Capetown, África do Sul.
A convite das entidades organizadoras, profere a palestra de abertura
da 2ª Plenária Nacional de Entidades Negras Rumo à
3ª Conferência Mundial contra o Racismo (Rio de Janeiro,
maio de 2001). Participa na própria Conferência,
em Durban, como um dos palestrantes principais (Keynote Speakers)
do Fórum Mundial das ONGs, a convite da organização
internacional da Conferência.
Recebe o Prêmio UNESCO na Categoria Direitos Humanos e Cultura
de Paz em 2001 e o Prêmio Comemorativo das Nações
Unidas por Serviços Relevantes em Direitos Humanos em 2003.
Em 2004, na ocasião dos dez anos de liberdade do regime
de apartheid, recebe prêmio de reconhecimento do Governo
da República da África do Sul pelo seu trabalho
em prol da campanha internacional pela democratização
daquele país.
Os
textos de alguns dos discursos e pronunciamentos feitos nos fóruns
internacionais mencionados estão no livro O Quilombismo,
2ª ed. (Brasília: Fundação Cultural Palmares/
OR Editora, 2002.